
Quem nunca tomou remédio para dor de cabeça, cólica ou febre sem prescrição médica, ou seguiu indicação do vizinho de um “remedinho ótimo” para determinado sintoma? À princípio parece uma atitude inocente, mas automedicação tem adquirido proporções alarmantes. No Brasil, a principal causa de intoxicação exógena é uso indevido de medicamentos, segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, que já registrou mais de 14 mil casos na região sudeste, sendo 5.400 em menores de 10 anos. Em 2015, a Câmara dos Deputados publicou uma lei que visa reduzir esses casos, através de regras para evitar erros na administração, trocas indesejadas e uso equivocado de medicamentos. Além disso, há mais de cinco anos foi proibida no país venda de antibióticos sem prescrição médica, para evitar uso indiscriminado, que contribui para aumento da resistência e diminuição da eficácia do tratamento. Essas decisões e leis, entretanto, tornam-se ineficazes sem conscientização da população. Entre os perigos da automedicação, a utilização inadequada de alguns medicamentos pode agravar uma doença já existente, por mascarar seus sintomas; a combinação inadequada de drogas pode levar à potencialização ou anulação de seus efeitos terapêuticos; e esse uso irracional pode causar reações alérgicas, dependência ou morte. Portanto, cabe ao profissional de saúde orientar seus pacientes que, por sua vez, têm o papel de seguir essas orientações, certos que tal atitude é o mais seguro para sua saúde.

Ieda Cristina Cunha Ferreira e Fonseca
Oncologista Pediátrica – Hospital do Câncer - UFU