
Há anos, os cientistas investigam formas de desenvolver uma pílula capaz de “mimetizar” os efeitos benéficos que o exercício gera na saúde física e mental da população. Dentre os vários efeitos que a musculação pode proporcionar estão o aumento da força e da quantidade de massa muscular (hipertrofia), mudanças que contribuem para a redução dos riscos de mortalidade por diferentes causas. Mas, por que é tão difícil conseguir essa pílula? A força física refere-se à capacidade de mover uma carga externa. A hipertrofia é uma alteração estrutural, relacionada ao aumento das fibras musculares. É importante lembrar que, todos os dias, diversas proteínas são sintetizadas e degradadas em nossas células e, para que a hipertrofia muscular ocorra, a taxa de síntese deve exceder a de degradação. A quantidade de peso levantado define a intensidade do exercício. Essa força é dependente da quantidade e qualidade dos músculos acionados por impulsos elétricos advindos do cérebro. As proteínas contráteis presentes nas fibras musculares precisam alterar seu estado de ligação para produzir força. Esse processo necessita converter energia química (ATP) em energia mecânica (contração muscular). Todas as vezes que essa conversão acontece há um aumento do gasto energético. A manipulação da intensidade e do número de repetições realizadas leva a uma desorganização estrutural das proteínas contráteis e alterações na permeabilidade da membrana celular, o que resulta em uma resposta inflamatória, cuja função é sinalizar a regeneração celular. Assim, entre 3 e 12 horas após a sessão, há um rápido aumento na regulação de genes específicos (produção de RNA mensageiro) e na expressão de proteínas musculares. Esse aumento resulta em uma “reconfiguração” (adaptação) do conteúdo proteico. Se as sessões de treino forem realizadas de forma repetitiva, a adaptação se torna acumulativa e um novo limite funcional e estrutural é estabelecido nas células. Ou seja, a cada treino você fornece uma dose de mudança para seus músculos. Dessa forma, em poucos dias podemos observar o aumento da força (peso levantado) e o aumento de proteínas contráteis (massa muscular). Quanto maior o conteúdo de massa muscular, maior o gasto energético basal e a contribuição para a redução da massa gorda. Junte todos esses fatores, some com uma alimentação adequada e você terá uma pílula que mimetiza os benefícios de se exercitar. Já tomou sua pílula natural hoje? Procure um profissional de educação física e descubra sua dose ideal. Uma pílula chamada exercício físico.

Profa. Juliana P. Cândido
Departamento de Bioquímica
Doutoranda na Unicamp
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