
A designação “Saúde Única” ou “One Health” cada vez mais frequente nos meios acadêmico, político e administrativo mundiais não tem um conceito definitivo. Esta denominação surgiu para instituir uma colaboração interdisciplinar e internacional na prevenção e no controle de zoonoses (doenças humanas transmitidas por animais e responsáveis por seis em cada dez doenças infecciosas).
Doenças zoonóticas como a encefalopatia espongiforme bovina, a síndrome respiratória aguda grave e a influenza aviária, despertaram o medo de pandemias como a da gripe espanhola, doença que vitimou cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.
Observou-se que, com as aceleradas mudanças climáticas e ambientais, o progressivo aumento populacional e o intercâmbio internacional crescente, municípios, estados e países isolados, assim como médicos e/ou médicos veterinários, não eram suficientes para enfrentar a complexidade e a dimensão dos desafios para a saúde humana.
Fronteiras e barreiras políticas precisavam ser derrubadas para constituir um saber e ações supranacionais. Pode-se considerar então que, o termo Saúde Únicas e refere à consciência, à institucionalização e as ações de prevenção e de controle de doenças de maneira global. Este novo conceito foi adotado por instituições como Organização Mundial da Saúde, Banco Mundial, Organização da Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura, Organização Mundial da Saúde Animal, além dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
Neste processo, a interdependência entre a saúde humana, animal e a conservação ambiental se tornou indiscutível. Em busca da Saúde Única, além da atuação global, a integração de áreas do saber como medicina, medicina veterinária, ecologia, genética, saúde pública, microbiologia, economia, entre outras, se tornou essencial. Porém, essa ação global encara um enorme desafio, o social.
Políticas com abrangência e complexidade necessitam da cooperação das sociedades. Entretanto, exigir isso de indivíduos com necessidades mais urgentes como alimentação, vestuário, moradia, segurança e educação, é despropositado. Por isso, a Saúde Única terá necessariamente que olhar para o social. Para angariar a colaboração voluntária de todos frente à demanda global, justiça, senso social, educação de qualidade e universal, são essenciais. Neste contexto, é imprescindível que o conhecimento científico produzido pelas universidades seja divulgado de maneira simples e acessível para toda a população.

Prof. Dr. Matias Pablo Juan Szabó
FAMEV – UFU
Imagem: Conselho Federal de Medicina Veterinária