
Diabetes mellitus (DM) é a famosa doença dos “4P”: polifagia, polidipsia, poliúria e perda de peso. Acredita-se que Apollonius de Mênfis, por volta do ano 230 a.C., tenha sido o primeiro a utilizar o termo “diabetes” que, do grego, significa “sifão”, referindo-se ao principal sintoma identificado pelos médicos da época: a poliúria. A DM pode ser dividida em: DM tipo 1 (DM1), uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca erroneamente o pâncreas, fazendo que o indivíduo não consiga produzir insulina; ou DM tipo 2 (DM2), em que ocorre a produção de insulina, porém, com uma resistência periférica a ela, fazendo com que a insulina não consiga atuar de forma correta.
Mas o que a DM1, uma doença autoimune do pâncreas, teria a ver com a nossa microbiota intestinal, composta por ≈ 4x10¹³ bactérias somente no cólon? O nosso grupo de pesquisa observou que a microbiota intestinal pode ser um dos “gatilhos” ambientais no desenvolvimento da DM1. Foi constatado que, quando ocorre um processo de disbiose (alteração na composição das bactérias do intestino), pode haver um extravasamento dessas bactérias para os linfonodos pancreáticos, gerando uma inflamação local. O que acreditamos é que, quando essa inflamação local ocorre em indivíduos geneticamente suscetíveis a desenvolver a DM1, a resposta imune, que deveria ser montada para destruir as bactérias que extravasaram do intestino, acaba sendo erroneamente direcionada ao pâncreas, levando ao desenvolvimento da doença.

Dr. Frederico R. C. Costa
FMRP
USP
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